Resumo
INTRODUÇÃO
O "Morrinho de Identidades" é uma jornada única que esboça a essência vibrante das experiências estudantis do Ginásio Experimental Tecnológico Marechal Mascarenhas de Moraes, localizado no bairro do Caju.
Inspirado no imponente "Morrinho" da comunidade Pereira da Silva, exposto no Museu de Arte do Rio, este projeto inovador mergulha na vida dos alunos, celebrando suas culturas e desafios, dando voz às suas histórias e vivências.
MÉTODOS
O projeto “Morrinho de Identidades” surge da experimentação e combinação de uma gama de metodologias ativas de ensino e aprendizagem que ganham espaço com o recém-inaugurado Colaboratório da escola. As metodologias “Aprendizagem Baseada em Projetos (ABP)”, “Science, Technology, Engineering, Arts, Mathematics (STEAM)” e “Mão na Massa” foram o ponto de partida para desenvolver a maquete com abrangência transdisciplinar. A pretensão foi envolver não só a matemática, ciência, artes, engenharia e tecnologia no projeto, mas também dialogar com a história e a geografia, com foco na abordagem sobre a comunidade onde a escola se insere.
Outra metodologia incorporada durante a confecção do projeto foi a sala de aula invertida, utilizada quando alguns alunos estudavam e apresentavam aos demais os referenciais teóricos da maquete para uma compreensão coletiva. “Storytelling” é a metodologia que foi utilizada quando os alunos dividiam as histórias vividas na sua comunidade para gerar inspiração no processo criativo. Assim, desenvolviam outra metodologia denominada problematização, quando dialogavam sobre as adversidades sociais durante a produção da maquete, de modo a trazer para dentro do colaboratório temas sensíveis do cotidiano dos morros. A metodologia de aprendizagem cooperativa também foi utilizada em diversos momentos, quanto os alunos se dividiam em equipes com tarefas distintas, cada qual em sua área de interesse. Assim, parcela de alunos se desempenhavam com maior efetividade em momentos diversos do processo criativo, desde a montagem, passando pela pintura, curadoria das artes, fotografia, até a divulgação do projeto. Até mesmo a metodologia de Gameficação foi utilizada, quando os alunos produziram um jogo ambientado no Morrinho e levaram o trabalho para as telas dos computadores, através da plataforma Scratch.
Diversas ferramentas artísticas foram inspiradoras na produção do projeto. A começar pelo movimento Punk que instigou a cultura maker com o lema DIY - Do it yourself ("faça você mesmo"). Inspirados por Basquiat, um artista da arte antirracista, os alunos imergiram nas pinturas do artista como expressão do movimento punk que transcendia as telas com sua arte poderosa e mensagem impactante. Influenciado pela cultura urbana e jazz, Basquiat superou suas origens conturbadas, conquistou o mundo com sua genialidade e deixou um legado imortal na luta contra o racismo. Seu grito de liberdade ecoa até hoje, inspirando gerações a quebrar barreiras e expressar suas verdadeiras cores!
Na arte musical, a banda Dead Kennedys inspirou com suas letras contestadora que desafiam a estrutura do sistema. Inspirada pelo caos e inconformismo, se tornou a voz dos oprimidos e questionaram a realidade com coragem. A banda mostrou ao mundo que a música pode ser uma arma poderosa na luta por mudanças. Seu legado continua ecoando pelos corações dos insatisfeitos, incitando a busca por justiça e igualdade.
Na literatura, os alunos mergulharam nas obras de autores que denunciaram revela o Brasil de um passado escravocrata. Obras icônicas da cultura brasileira e internacional, que retratam a luta antirracista e o combate às injustiças sociais, também fazem parte desse rico tecido cultural.
Abdias Nascimento, um ativista incansável que carrega consigo o símbolo do resgate cultural e antirracista. Através de sua obra 'Oke Ọxọssi', resgatou a ancestralidade africana e combateu a opressão racial. Inspirado por suas raízes e vivências, ele se tornou um símbolo de resistência e empoderamento. Em meio a desafios, Abdias Nascimento encontrou na arte uma maneira de expressar a luta por justiça e igualdade. Sua mensagem continua reverberando, guiando-nos na busca por um mundo mais justo e inclusivo.
O Torto Arado, de Itamar Vieira Junior, traz o retrato profundo das raízes e resistência do povo nordestino. É uma obra literária poderosa, que mergulha nas histórias do Nordeste do país, exaltando resiliência e cultura única! Com uma narrativa envolvente, 'Torto Arado' nos transporta para o sertão e nos mostra a força das mulheres, a conexão com a terra e a luta contra a injustiça. Nesse épico literário, somos confrontados com as adversidades enfrentadas pelo povo nordestino, mas também com sua capacidade de superação e amor à terra que os sustenta. Uma leitura que emociona e desperta nossa empatia, ampliando nossa compreensão sobre a riqueza cultural e a história desse povo guerreiro.
O Quarto de Despejos, de Carolina Maria de Jesus, traz consigo a coragem de viver e de escrever a realidade crua. Uma obra literária impactante, que nos transporta para o cotidiano de uma catadora de papel no Brasil dos anos 60. Com coragem e sensibilidade, ela narra sua dura realidade, revelando a luta diária contra a pobreza, o preconceito e as dificuldades impostas pela sociedade. Em meio ao caos, a escrita de Carolina se torna um grito de resistência, destacando a força das mulheres negras e sua busca por dignidade e igualdade. A obra nos convida a refletir sobre as desigualdades sociais e a importância de dar voz aos invisibilizados. Uma leitura transformadora que nos aproxima da realidade de muitos e nos inspira a lutar por um mundo mais justo.
O projeto não poderia deixar de carregar o Funk Carioca, o som envolvente que corre as favelas do Rio. Nascido nas comunidades cariocas, o funk é mais do que apenas música, é nossa identidade e voz que ecoa pelas ruas. Com batidas envolventes, letras que falam da nossa realidade e danças que nos conectam, o funk carioca conquistou corações e quebrou barreiras. É o som das festas, dos bailes e dos encontros que celebram nossa cultura e reforçam nossa união. O funk carioca nos empodera, nos faz sentir orgulho de onde viemos e nos mostra que somos capazes de enfrentar qualquer desafio. Mesmo com as críticas, seguimos com a cabeça erguida, provando que o funk é resistência e expressão de quem somos. E nessa trajetória, não podemos esquecer do papel fundamental da Furacão 2000, que abriu portas para nossos talentos brilharem e mostrou para o Brasil que nosso funk é raiz e orgulho das comunidades. Vamos continuar dançando e cantando, levando o funk para o Brasil inteiro, espalhando nossa energia contagiante.
Por fim, o racismo no futebol marca a discriminação no esporte, a triste realidade em um espaço que deveria ser um campo de inclusão e igualdade, mas que ainda enfrenta barreiras que precisam ser derrubadas.
O “Morrinho” não ilustra apenas a diversidade cultural das ruas, becos e vielas do Caju, mas também a triste realidade da violência policial, da precariedade habitacional e do preconceito.
E não só. A maquete também trabalha a geração de energia sustentável, onde nossos alunos demonstrarão de forma prática, como é possível gerar energia elétrica de forma criativa e responsável a partir de fontes eólicas, hídricas, solares e do uso de hidrogênio verde.
Por ser desenvolvida no Colaboratório de um Ginásio Tecnológico, a maquete incorporou amplamente o trabalho manual interativo e a utilização de tecnologia e inovação. Cada detalhe da maquete foi desenvolvido pelas mãos dos próprios alunos, desde o corte e a montagem arquitetados dos papelões, que permeiam conceitos matemáticos de escala, proporção e volume, até a utilização dos itens tecnológicos.
Essas atividades promovem a conscientização ambiental e fomentam o desenvolvimento de soluções ecologicamente sustentáveis que beneficiam toda a sociedade.
RESULTADOS
Neste trabalho, nossos estudantes mergulharam na riqueza cultural das comunidades cariocas, retratando com maestria a arquitetura típica e a vibrante paisagem do Rio de Janeiro. Utilizando materiais recicláveis, como isopor e papelão, eles deram vida à autêntica essência das favelas, revelando a beleza que se esconde nas ruas, becos e vielas do Caju.
A maquete não é apenas uma representação física, mas sim uma manifestação da identidade única de cada aluno. Ao longo do processo de criação, eles se expressaram através de manifestações de arte, inspirados em movimentos como o Punk, que com seu lema "Faça Você Mesmo" (DIY), trouxe à tona a cultura Maker. Essa conexão entre passado e presente, tradição e inovação, dá vida à maquete de uma forma singular e envolvente.
Na mistura de arte e tecnologia, as casas iluminadas por LEDs, conectadas por Arduinos e sensores ultrassônicos e de radiofrequência (RFID) brilham em harmonia com os RIOCARDs dos alunos.
Com esse propósito, será apresentado um trabalho sobre geração de energia sustentável, onde nossos alunos demonstrarão de forma prática, como é possível gerar energia elétrica de forma criativa e responsável a partir de fontes eólicas. Essas atividades promovem a conscientização ambiental e fomentam o desenvolvimento de soluções ecologicamente sustentáveis que beneficiam toda a sociedade.
CONCLUSÕES
Essa interação personalizada da metodologia STEAM que une ciência, tecnologia, engenharia, artes e matemática, é um verdadeiro mergulho no coração do projeto, onde a tecnologia se torna aliada da criatividade, criando uma experiência única e imersiva.
A maquete Morrinho de Identidades é a expressão da criação coletiva e marca viva de diversas denúncias sociais, marcadas por expressões, símbolos, bandeiras, cores e pinturas.
Esse é o “Morrinho de Identidades”, onde as histórias ganham vida, as culturas se entrelaçam, a tecnologia se une à criatividade e as marcas do passado se somam ao presente para criar pontes para o futuro.