Resumo
A construção civil é responsável por boa parte da geração dos resíduos sólidos que impactam o meio ambiente. Os tijolos-adobe, feitos da mistura do barro com fibras vegetais, são uma alternativa para o problema, exceto por possuírem uma baixa resistência à água. O presente trabalho propõe criar um tijolo menos absorvente e com maior resistência à pressão, utilizando fibras da paina da Ceiba speciosa. Comparou-se quatro composições distintas: 25 g de terra peneirada com água suficiente para dar-lhe maleabilidade e essa mistura com 0,02 g; 0,05 g e 0,10g de paina, respectivamente. Após sua homogeneização com espátula, o compósito foi colocado em moldes plásticos untados com óleo vegetal, desenformados e deixados para secar em diferentes temperaturas (ambiente, 70ºC e 180ºC). Submeteu-se os tijolos prontos a testes de resistência mecânica e de absorção de água, nos quais os compostos apenas por barro (sem paina) apresentaram maior fragilidade quando submetidos a uma certa pressão (média de 10kg, independente da temperatura de secagem), enquanto os que possuíam maior percentual de fibras foram mais resistentes (12kg a 18kg para os com 0,02 g de paina; 16 a 24kg para os com 0,05 g e até 37 kg para os com 0,10g), pois a lignocelulose, polímero reticulado, fornece uma boa ancoragem para os grânulos do compósito. Nos testes de absorção de água, ao submeter o material ao gotejamento, à submersão e ao contato de sua face inferior com a água, os tijolos sem paina absorveram maior percentual de água e ficaram mais frágeis, reduzindo-se estas características significativamente ao se aumentar o percentual de fibras na mistura, devido ao caráter hidrofóbico da lignocelulose ali presente. Assim, a adição de paina ao barro dos tijolos adobe aumenta tanto sua resistência mecânica quanto à água.